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A Cidade Nunca Morre #11 - Especial Vila Velha 488 anos



Ela é uma cidade de contrastes, onde o velho e o novo se chocam em uma dança tumultuada.  Suas ruas alinham-se com as construções imponentes, suas fachadas de vidro brilham com o sol exorbitante, enquanto a poucos quarteirões de distância, edifícios centenários se levantam estoicamente com as sombras do entardecer. No decorrer do dia, as cores do céu vão lentamente mudando de um laranja e vermelho ardentes para um azul-escuro brilhante. Neste contexto, as árvores que fazem fronteira com as ruas e as encostas parecem ganhar vida com um ligeiro farfalhar de folhas. É um momento de calma perfeito, um momento em que a cidade parece estar prendendo a respiração em antecipação do que a noite pode trazer. As árvores são altas e orgulhosas, com seus galhos se estendendo para o céu em uma homenagem silenciosa ao mar, cujas ondas rítmicas podem ser ouvidas à distância. Suas ruas são como páginas de um livro, prontas para serem examinadas. Só os olhos vêm, imaginam, lacrimejam e inundam a cidade. À noite, os carros passam entre as poças enormes que molham o corpo como um banho, o centro fica belo, molhado e frio, vazio como um medo, a escuridão não fica, as luzes trêmulas brilhantes e realçam o asfalto cinza, o melodrama vazio iminente pela chuva, que chega como visitante em sua própria morada. Essa é uma cidade real, como uma mulher que se deita na areia e aguarda o bronzeado do sol, que se esconde entre os edifícios. É uma cidade real, como o azul do oceano que beija o rosto do céu e se entrelaça como um caso de amor. Ela é tão real quanto os dias que se vão entre nossas mãos, mas se enfeitam e nos presenteiam como flores a beleza urbana. Todos os dias ela nos ensina coisas que não podemos ver, como um sonho em que vivemos ao lado de anjos, mas o fim surge rapidamente. Essa atmosfera ampla e aberta é algo que eu não tinha experimentado, uma liberdade simples que não parece massiva para ninguém. Isso pode ser amor. Isso pode ser Vila Velha. Eu te amo.



*Louize Lima - Apesar de ter nascido na capital, sempre morou em Vila Velha. "Me mudei para Minas Gerais em 2014, e nesse momento percebi que esse grande sentimento de pertencimento à Grande Vitória não era algo fútil. Assim, comecei a escrever o que sentia. Logo, voltei para o ES em meados do ano passado e reuni tudo que eu tinha escrito, durante o período que morei fora e publiquei no Medium — ascendendo o meu amor por crônicas da cidade. Aos 19 anos, ser graduanda em Letras pelo Instituto Federal do Espírito Santo e ter toda essa bagagem profissional, tem colaborado cada vez mais para que eu exerça o amor que sinto pela Grande Vitória".

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