Por Marilene Pereira*
Despertei por volta das 7:30 e falei baixinho :
- eu mereço ser feliz !
Preciso registrar que hoje é 1°de Maio, dia do trabalhador.
Como funcionária ativa e cumpridora de meus deveres, hoje eu mereço um dia de descanso e muita tranquilidade.
A rotina começou com café coado e um pão com queijo e presunto.
Água fervendo... tudo pronto!
Tomando meu café pensei:
- hoje quero praia!
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Um lindo dia de sol quente e eu precisando de contato com a natureza. Tenho o hábito de ir sempre na mesma praia , um local secreto , meu cantinho preferido.
Estive nessa praia por três vezes seguidas sem encontrar ninguém conhecido. Sem oi! ou tudo bem ?!
Não estranhe mas isso também me conforta. Estou exercitando o voo solo ( contarei mais tarde) .
O peroá com tomate e aipim tem custado 45 reais nessa praia secreta e na outra que fui custou 70 reais não sendo tão bom assim. Não se equivale no preço nem no sabor. No meu cantinho o aipim que acompanha o peixe é de ótima qualidade . Peço duas cervejas pra acompanhar depois só água e refrigerante.
Preciso informar o leitor que eu amo praia. Desde pequena eu gosto do mar , da água salgada.
Não sei nadar mas me viro com algumas técnicas te sobrevivência no mar.
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Também preciso informar que durante um longo período eu fiquei sem ir a praia e isso se deu por conta do racismo recreativo. Eu só descobri esse termo em 2020 após ter lido o livro Racismo Recreativo de Adilson Moreira.
Na década de 80 e 90 eu ouvia uma pergunta em forma de piada que questionava o que o negro vai fazer na praia ? Queimar os dentes? A sola dos pés? Ou a palma das mãos ? Hoje eu entendo essas piadas racista como uma forma de controle que por muito tempo me impediu de desfrutar de momentos de lazer ao ar livre e ter esse contato com o mar .
Depois que passei a estudar sistematicamente o racismo e suas formas de ação comecei a frequentar a praia quase todos os finais de semana. Virou uma paixão!
Mas superar estereótipos é muito difícil.
Tenho exercitado ir a praia sozinha . Não passo mensagem as amigas em busca de companhia. O exercício é aprender a ser feliz a partir de si mesma. Não que eu ignore a força das amizades ou do amor. Pessoas são presentes preciosos, mas preciso encontrar dentro de mim o brilho essencial para vivenciar lindos dias de sol.
* Marilene Pereira é proponente do projeto Eu Mulher Preta premiado pelo governo do estado. E trabalha na procuradoria das mulheres na Assembleia Legislativa do ES.
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