Uma tradição da cultura popular praticamente perdida que renasce e conquista, cada vez mais, espaço na comunidade e no mercado de moda e artesanato no Espírito Santo. É o que vem acontecendo na Barra do Jucu, em Vila Velha, com a Renda de Bilro.
O que antes era uma pratica que ajudava no sustento das famílias do litoral capixaba, com o avanço da indústria têxtil, o ofício de rendeira praticamente desapareceu. Mas na Barra do Jucu, a ação está sendo resgatada e ganha cada vez mais espaço e adesão, tanto que as rendeiras de bilro conquistaram, oficialmente, um dia para chamar só de seu.
É o Dia da Rendeira de Bilro de Vila Velha a ser comemorado em 20 de Julho, dia do aniversário da mestra Rosa Leão Malta, a Dona Rosinha, falecida em 2019, e que foi a responsável por ensinar a arte para um grupo de mulheres que hoje leva a prática à frente.
E como tudo é festa na Barra do Jucu, o Dia das Rendeiras será comemorado no dia 22 de julho, sexta-feira, a partir das 19 horas, na Praça Pedro Valadares. Haverá roda de rendeiras, exposição de produtos de Renda de Bilro, cirandas, apresentações musicais de Jura Fernandes, do Grupo Vovozes e da banda de congo Tambor Jacarenema. E mais barracas de comidas, bebidas e pula pula para a criançada.
A Festa é organizada pelo Grupo Barra de Renda, formado atualmente por mais de 50 pessoas, incluindo crianças, adolescentes, adultos e idosos que se desafiam, diariamente, a aprender a arte do trançado das linhas e da batida dos bilros. A festa conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Vila Velha e da Associação de Moradores da Barra do Jucu Amorabarra
“Além da conquista da Lei que instituiu o Dia da Rendeira, temos muito a comemorar e com festa mesmo. A renda de bilro como uma expressão da arte da comunidade local foi muito importante para os moradores. Todos aqui tinham uma ligação forte com esse ofício pois suas avós, mães ou irmãs faziam renda. E hoje as pessoas se reconhecem nesta arte que volta a acontecer aqui”, afirma a coordenadora do Grupo Barra de Renda, Regina Maria Ruschi.
Regina Ruschi também destaca que o ressurgimento da arte da renda de bilro tem servido de inspiração para a criação de outros artistas. Ela cita, por exemplo, que a escritora Marilena Soneghet e o músico Jura Fernandes, compuseram músicas inspirados na arte. “Essas composições serão lançadas na festa e, com certeza, vão agradar ao público”.
Dona Rosinha
A Lei 6.646, de 26 de maio de 2022, que instituiu o Dia Municipal da Rendeira de Bilro, é de autoria do vereador Joel Rangel (PTB). A iniciativa também foi uma homenagem à Dona Rosinha, a mestra que com mais de 90 anos, se dispôs a repassar o seu conhecimento a novas aprendizes.
A mestra que nasceu em 1930, colaborou muito na criação de sua família fazendo renda. O fruto do seu trabalho era vendido por ela mesma para freguesas de Vila Velha, Vitória, de fora do Estado ou mesmo às que vinham comprar na Barra do Jucu. Alegre, comunicativa, irreverente, não se deixou intimidar pelas rendas industrializadas e de preço mais baixo, e retornou com seu ofício.
Em 2015 ela começou a repassar o seu legado para um grupo de aprendizes de rendeiras e viu renascer a arte que se considerava “praticamente perdida”. Em 2019 ela faleceu, mas antes viu nascer o Grupo Barra de Renda que hoje reúne pessoas do município e de fora dele, divulga e torna a renda de bilro um produto presente em eventos como a Casa Cor, Brasil Original, ArteSanto, mostras e projetos culturais por todo o Espírito Santo.
O resgate
O Grupo Barra de Renda surgiu a partir da iniciativa de se consolidar o resgate da técnica da Renda de Bilro na Barra do Jucu, em Vila Velha. Este ofício já foi a principal fonte de renda das mulheres da comunidade até meados dos anos 70 e com tempo foi perdendo a representatividade.
O projeto de resgate originou-se de uma pesquisa realizada em 2014 pela arquiteta Regina Ruschi e contou com a dedicação das mestras Rosa Leão Malta e Enedina França de Paiva.
Atualmente são mais de 50 pessoas envolvidas no projeto, incluindo mestras, as oficineiras Marisa Vieira Gervasio e Rosiane Maria Biet, já formadas pelo grupo e aprendizes de todas as idades, que se dedicam a compartilhar saberes vislumbrando a perpetuação desta riqueza cultural.
Desenvolvimento do Grupo
Para o desenvolvimento do coletivo, o Barra de Renda busca qualificação e apoio junto ao SEBRAE, FEARTES, Prefeitura de Vila Velha e Governo do Estado, dentre outras instituições afins. Contou ainda com a valorosa contribuição da designer Jacqueline Chiabay no desenvolvimento de algumas de suas coleções.
O Grupo também conquistou o seu espaço, uma sala onde são realizadas as oficinas e onde os turistas podem conhecer o trabalho das rendeiras ou adquirir produtos com a renda de bilro. O Espaço fica ao lado da Unidade de Saúde do bairro. As oficinas acontecem de segunda à sexta feira no horário da tarde, e no sábado pela manhã e são ministradas gratuitamente para quem se interessar em aprender a fazer renda.
o Grupo Barra de Renda dedica-se também à geração de renda para a comunidade e as pessoas envolvidas, ao desenvolvimento da economia criativa, à integração com outras culturas, artes e oficios como a dos congueiros, redeiros de pesca. Músicos, ceramistas, crocheteiras, bordadeiras, costureiras, designers, etc
Serviço:
"Rendeira de Bilro de Vila Velha"
Dia 22 de Julho – Sexta-feira
Horário: 19 horas
Local: Praça Pedro Valadares – Barra do Jucu.
Atrações:
- Roda de Rendeiras
- Produtos de rendas de bilros
- Ciranda das rendeiras
- Jura Fernandes Show Guitarra Canta Congo
- Banda de Congo Tambor de Jacarenema
- Grupo Musical Vovozes
- E mais: barracas de comidas, bebidas e brinquedos para as crianças
Redes sociais:
Facebook / Instagram e Youtube – Barra de Renda
Fonte: Divulgação
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