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Conselho aprova tombamento de Forte em meio a polêmica de intervenções arquitetônicas




O Conselho Municipal de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Vila Velha aprovou o tombamento do Forte de São Francisco Xavier da Barra, localizado dentro do 38 BI, na Prainha de Vila Velha, no último dia 28 de junho.


Para ser oficializado, o tombamento, aprovado pelo Conselho, deve ser registrado no Livro de Tombo da Prefeitura de Vila Velha

Recentemente o local passou por várias intervenções arquitetônicas, após a realização do evento Casa Cor, que transformou o espaço em um novo centro cultural com visitação aberta ao público.




No entanto, essas intervenções têm sido questionadas pelo Grupo Andança e o Instituto de Arquitetos do Brasil/ES, entidades que estão à frente do processo de tombamento do Forte. “O tombamento é um ato administrativo regulado pelo Decreto-Lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, estadual e federal. O tombamento visa impedir a destruição e/ou descaracterização dos bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental, ou de qualquer outro valor sentimental que tenha relação com a população” explica a professora Luciene Pessotti, coordenadora do Andança e vice-presidente do IAB-ES.

Além da instância municipal, há processo solicitando o tombamento do Forte também nos níveis estadual e federal. “A primeira manifestação favorável foi no âmbito municipal. Salutar decisão, pois, cabe ao município o fomento da preservação dos bens culturais. É no território que se faz a gestão. Sendo um edifício de excepcional valor arquitetônico, cuja tipologia circular remete-se ao Renascimento, cabe sua proteção legal e a divulgação de sua importância à sociedade. O tombamento por si só não garante a preservação do bem cultural. São necessárias ações de valorização e o uso compatível” comenta Pessotti.




Intervenções

A aprovação do tombamento vem após várias denúncias de grupo de arquitetos sobre as intervenções realizadas no local em que foram instaladas modernas estruturas em formato de passarela de aço, vidro no pátio do forte, o que teria descaracterizado o local. "No âmbito de sua atuação na UFES, a professora Luciene Pessotti emitiu alerta a diferentes instituições que atuam na defesa do patrimônio militar. O IAB/ES encampou a defesa do forte e lançou um Manifesto contrário às intervenções no edifício que se iniciaram com a mostra de decoração Casa Cor 2022. As intervenções ocorridas no forte descaracterizaram sua arquitetura e sua espacialidade, inserindo técnicas e materiais construtivos incompatíveis à arquitetura militar." registra a professora.

História

Construído no ano de 1700, o Forte São Francisco Xavier da Barra é um dos mais importantes monumentos históricos do Estado do Espírito Santo. Sua construção se deu por ordem de Don Rodrigo da Costa, então Governador-geral do Estado do Brasil. Com o formato circular e dotado com 15 peças de artilharia, tinha a finalidade de proteger a baía de Vitória.

As fortificações são uma família de edifícios que possuem singular composição formal devido ao seu uso, a defesa. Ainda que o uso original tenha sido extinto, as fortificações são portadoras de valores relevantes pelo seu sistema e técnicas construtivas, pelos artefatos, armamentos e inserção paisagística.




O Brasil possui 19 fortificações concorrendo a candidatura de patrimônio mundial. Dentre essas temos o Farol da Barra, em Salvador, e o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, tombadas ao nível federal. A primeira sedia o Museu Náutico da Bahia, e o segundo o Museu Histórico do Exército. Nas edificações citadas é possível conhecer a arquitetura militar e interagir com seus espaços e artefatos.


Visitação pública

Atualmente, o Forte São Francisco Xavier da Barra está aberto à visitação de terça-feira a domingo, das 14h às 20h, mediante agendamento prévio.

Para agendar visitação ao Forte basta enviar uma mensagem WhatsApp para o número 027-99251-2540 e seguir as instruções que você vai receber em seu número.


Por Douglas Dantas, jornalista.

Fotos: Daniela Caser (IAB/ES)




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