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Mapeamento registra ícones da cultura popular de Vila Velha





Um mapeamento das mestras da cultura popular do Espírito Santo será entregue para representantes da Secretaria Municipal de Cultura de Vitória na próxima terça-feira (27), durante a mostra multicultural Além do que se vê, realizada pela 1ª turma da Formação em Produção Cultural do projeto Produtora Escola. O evento será no Museu Capixaba do Negro (Mucane), das 18h às 21h30.




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Vila Velha está representada com Yasmim  Lima, benzedeira da Barra do Jucu, e as mestras Dorinha (foto) e Beatriz Rego.

A mostra marca o encerramento do projeto que contou com 40 alunos, englobando mulheres negras e indígenas cis, trans e travestis e pessoas não-binárias da cultura popular. O mapeamento foi feito por meio de um link disponibilizado nas redes sociais e de entrevistas feitas pela coordenadora do projeto, Karlili, por meio de uma busca ativa. Para a gestão municipal, o mapeamento será entregue na versão impressa. Na Mostra, estará disponível em formato de um mapa exposto no evento, além de poder ser acessado nas redes sociais da Produtora Escola, cuja execução foi possível por meio do Projeto Rubem Braga, lei de incentivo à cultura da Prefeitura de Vitória. O mapeamento prosseguirá, pois as pessoas, por meio das redes sociais do projeto poderão continuar a dar suas contribuições.


O projeto mapeou as mulheres que são referência no Espírito Santo, com uma trajetória nas diversas manifestações e áreas da cultura popular. No mapeamento constam informações como suas histórias e área de atuação. “A gente quer reconhecer essas mulheres. Se os mestres da cultura popular já sofrem apagamento, as mestras estão ainda mais esquecidas, apesar de ser mulheres que sustentam as tradições, seja no fronte ou nos bastidores”, diz Karlili.



O objetivo do mapeamento, afirma, é impulsionar as políticas públicas “para manutenção das guardiãs da nossa cultura, da nossa história”. Karlili destaca que as mestras detêm toda a oralidade de seus grupos, portanto, é preciso fomentar políticas que possam fazer com que esse conhecimento passe adiante. “As próximas gerações podem não conhecer a ancestralidade delas” É uma geração que vai sofrer um apagão, por isso é preciso pautar a urgência e a importância da promoção de políticas públicas”, defende Karlili.


Uma das mestras que constam no mapeamento é a capoeirista Alessandra dos Santos, conhecida como Mestra Baixinha. Integrante do grupo A.C.A.P.O.E.I.R.A, ela atua como professora de capoeira em escolas públicas e privadas e em Projetos Sociais, desde o ano 1999. “Dar visibilidade às mestras é uma forma de reconhecer o nosso trabalho e ajudar a manter nossa cultura viva, preservada, passando de geração em geração”, diz a Mestra.




Mostra multicultural


A programação da mostra Além do que se vê não será restrita à entrega do mapeamento. O evento, organizado pelos alunos que participaram da Formação em Produção Cultural do projeto Produtora Escola, contará também com diversas atrações culturais protagonizadas pelos próprios estudantes e abertas ao público. Durante todo o evento acontecerá uma exposição fotográfica com algumas imagens das mestras mapeadas e registros das aulas e exposição de artigos identitários dos alunos da Formação, como objetos referentes à cultura de cada um deles. Além de uma exposição com Mariana Dionízio, Jupiara, Emilly Cabral, Ana Pontes, Ygor Dias e Stéfany Vithoria.


Também haverá apresentações culturais. A primeira é a peça A Palhacinha Floresta, com a Fernanda Garay. Em seguida, haverá apresentação de dança Sagrado e Profano com Maytê e Lalau; Samba no pé com Laysa Galter; performance Couraça com Yzá. A mostra de música começa às 19h40, com Yaxmin Souza, que comanda a apresentação Memórias; e Bruna Medeiros e Juliana Olisan, do Almas do Samba. O evento se encerra com uma roda de samba comunitária.


A mostra é uma forma de fazer os alunos colocarem em prática o que aprenderam na Formação, que teve início em junho último e abordou temas como políticas públicas, financiamento à cultura, produção cultural, questões contábeis, elaboração de projetos, produção cultural em projetos para povos originários e tradicionais, quilombolas, arte de rua, hip hop, samba, noções de cenografia, iluminação e sonorização e organização de eventos culturais.


Uma das participantes da Formação, Nega Yara, afirma que fazer o curso foi importante para impulsionar sua carreira como produtora cultural. “Aprendemos na prática desde a pré-produção, produção e pós-produção. Tenho certeza que está sendo uma experiência muito boa para todos que estão participando deste curso. Participar desse projeto está sendo um processo de crescimento muito rico pra mim enquanto, mulher, artista e a profissional que estou me tornando”, diz.


Nega Yara relata que sempre teve dificuldade de entender e acessar algumas informações a respeito de se pensar cultura. “Com o curso da Produtora Escola estou aprendendo tudo que preciso para entender como dar vida às minhas ideias de maneira certa e organizada, entender políticas públicas e como podemos nos organizar e executar nossos direitos como trabalhadores da cultura, viabilizar e valorizar os saberes múltiplos, sobretudo ancestrais”, diz.


Texto: Elaine Dal Gobbo

Foto: Ana Luzes



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