É direito de qualquer candidato fazer ‘motocomício’, discursar em evento religioso, participar de cultos, estar em cima de palcos de artistas. Só não é moral e nem legal, seja qual partido for, qual candidato for, que uma atuação partidária, eleitoral seja bancada com dinheiro público que não seja oriundo do fundo partidário.
Lula deve ser o próximo candidato a vir ao Espírito Santo. Seria justo ele vir em avião do governo federal e ter todo seu custo no Estado bancado pelo governo? Creio que a ampla maioria dirá não!
E não é justo, nem ético, nem legal um candidato ter suas atividades partidárias eleitorais bancadas com dinheiro público. Esses custos devem ser bancados diretamente pelos valores arrecadados ou recebidos do tanto ‘imoral’ fundo partidário/eleitoral, outra ‘aberração’ do sistema eleitoral brasileiro.
No entanto, neste sábado o candidato Bolsonaro veio ao Espírito Santo usando do avião presidencial e utilizou um grande aparato com custos públicos para realizar atividades estritamente eleitorais, como o seu famoso ‘motocomício’ em que percorreu diversas ruas e avenidas.
Suas atividades em terras capixabas foram meramente eleitorais. Isto visto que Bolsonaro sequer se reuniu com alguma autoridade pública capixaba para tratar de algum assunto público. Além dos custos diretos, o povo bancou também todo custo indireto quando o Estado precisou mobilizar uma verdadeira tropa da segurança pública para atuar durante sua estadia.
Segurança esta que é dever do Estado garantir na presença do presidente que estivesse em atividade política, mas não seria moral garantir para um candidato em atividades partidárias/eleitorais.
Cabe lembrar que, por mais imoral também que seja, o Fundo Partidário já destinará R$ 4,9 bilhões para os partidos fazerem suas campanhas políticas. É deste valor que Bolsonaro e qualquer outro tem que usar para realizar suas atividades eleitorais e não utilizar do apartado estatal como visto no Espírito Santo.
Mais uma vez, Bolsonaro se une aos diversos outros políticos que apesar do discurso contrário à corrupção e à lisura com o bem público, age totalmente contrário!
Quem pagou a conta do motocomício, mais uma vez fomos nós! Que sofremos com uma inflação alta e pagamos impostos para ter serviços públicos, mas que no lugar, o dinheiro é desviado direto (Fundo Partidário) ou indiretamente para campanhas políticas.
Por Douglas Dantas, jornalista.
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