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Quem quer ser professor?



Por Luciana Santos*


Podemos considerar a docência como uma arte. Também um sacerdócio, uma profissão carregada de anseios sociais. Lecionar nunca foi fácil, requer múltiplas habilidades e muita dedicação.



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Quem quer ser professor? O perfil está mudando e é possível verificar essa falta de aptidão na escolha da carreira de muitos educadores. Ter as férias no verão e ter a opção de trabalhar meio expediente e fazer um curso de licenciatura a distância tem atraído pessoas que não fazem a menor ideia do que seja um ambiente escolar.


Salas de aula lotadas de crianças indisciplinadas e sem ventilação adequada, que dirá ar condicionado. Professores desmotivados devido a péssima condição de trabalho. Escolas servindo de curral eleitoral para gestores midiáticos e famílias desassistidas pelo poder público.


Situações como essas ocorrem de escolas públicas até mesmo à particulares.


Sem diálogo com a categoria, toda gestão afunda. A educação pública, em especial, deixa de ser eficiente quando esbarra em questões políticas. A sociedade não sabe como é a realidade da rotina escolar e não valoriza o trabalho do professor.


A escola tem sido vista como um depósito de aluno, a segunda casa da criança e o professor, uma babá de luxo. Não há parceria pelo aprendizado. No geral, as famílias querem o assistencialismo. Isso deixa a escola refém tendo que dar abrigo como primeira opção e deixar os estudos em segundo plano.


Quando o poder público falha nas outras esferas, a escola se torna o espaço de conflito. A saúde, a segurança, os benefícios sociais, alimentação, vestuário e material didático pedagógico acabam sendo discutidos no espaço escolar. Temas que também fazem parte de outras secretarias, mas que deságuam na área da educação.


Os professores têm sofrido assédio moral, estão adoecidos, sofrem com as péssimas condições de trabalho, agravadas por gestões que não dialogam.


Enquanto isso, famílias são iludidas com kits, cartão, uniformes, eventos e não sabem que faltam profissionais da educação nas escolas.


Quadras sem cobertura, educação física com sol quente na cabeça, salas de aula lotadas abafadas e sem ventilação, sobrecarga de trabalho aos poucos profissionais, tendo esses que se desdobrarem para garantir o dia letivo.




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Nas escolas públicas, a educação especial tem sido a maior vítima desse abandono intelectual. Tanto o aluno quanto o professor tornam se vítimas desse processo seletivo injusto e desigual.


No âmbito municipal, notamos o silêncio dos conselhos e uma Câmara Municipal que não fiscaliza. Situação pouco diferente nas escolas estaduais, que enfrentam casos semelhantes com a omissão dos deputados.


Com tantos problemas e poucas soluções, quem ainda quer ser professor? Os que já estão atuando, se perguntam até quando irão conseguir aguentar essa carga.


Precisamos resgatar a educação pública. As formações continuadas precisam ser úteis, a capacitação dos funcionários, uma obrigação e o investimento sobre os professores ser visto como uma ferramenta do trabalho humano.


Quem quer ser professor?


Por Luciana Santos, professora, escritora, fundadora e imortal da Academia Capixaba de Letras da Diversidade (ACALED).





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